S13-01
A comunicação como tema transdisciplinar à luz do paradigma da complexidadeSó pela comunicação a as relações interpessoais são possíveis. Fundamental para a produção de sentido e da tessitura social. É mister pensar que a compreensão do complexo processo infocomunicacional — que inclui o entendimento acerca de emissão, recepção e meio — só é possível ao se adentrar áreas distintas de conhecimento, o que, com a modernidade científica, quer dizer percorrer caminhos epistemológicos divididos com a institucionalização da educação. As diferentes disciplinas fragmentaram o pensamento de modo que, amiúde, o desenvolvimento dos meios como tecnologias para a transmissão de mensagens é estudado principalmente por engenharias e ciência da informação; o emissor e o receptor, em seus papéis de produtor e de decodificador de sentido, ficam a cargo das ciências sociais; ao passo que o indivíduo, não como sujeito, mas como ser vivo dotado de faculdades que informam e que decifram informações, são objeto das biociências. Cada uma dessas áreas é um campo que se hiperespecializou e se limitou dentro do próprio campo científico.
Em um sentido oposto ao da demarcação disciplinar está a ideia moriniana de um paradigma da complexidade: ao invés de se aperfeiçoar em determinado campo, o cientista deve assumir suas limitações, que estão relacionadas a insuficiências biológicas e pré-determinações culturais, e buscar a polimatia característica de um mundo complexo e não fragmentado. Para Edgar Morin, as ciências sociais e as outras disciplinas precisam se encontrar, a fim de que o pensamento sobre a comunicação deixe de ser um conjunto de ângulos específicos de cada área do saber para se realizar como um raciocínio transdisciplinar, que abarque diferentes facetas desse complexo fenômeno humano que é a comunicação.
Com o objetivo de discutir essa necessidade, o trabalho compreende o paradigma da complexidade como alternativa para a segmentação do conhecimento, abarcando desde as ideias modernas de itinerários ideais para o alcance da episteme até a segmentação do próprio saber científico em disciplinas com especificações intrínsecas a cada uma, para entender as fragmentações em diversos domínios de saber. Este trabalho mostra-nos que a comunicação social não deve ficar restrita às ciências sociais, mas deve ambicionar a convergência de diferentes saberes, conforme as ideias do paradigma da complexidade, que não só admite como defende o desconhecido, a desordem e a impossibilidade de se perceber por completo um objeto e o mundo, mas que tem vistas à possibilidade de realizações a partir do saber, que é subjetivo, e da compreensão da diversidade.
Palavras-chave: paradigma da complexidade, Comunicação, ciências sociais, transdisciplinaridade.
Firmantes
Nombre | Adscripcion | Procedencia |
---|---|---|
Êmili Adami Rossetti | Universidade do Porto | Portugal |
Eliza Ribeiro Oliveira | Universidade de Aveiro | Portugal |